Por uma escola que ensine a amar
Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar!”
Nelson Mandela
Aprendemos na sala de aula que nós humanos somos seres racionais. De fato, somos; mas a escola exagera no prestígio do neocórtex – a região cerebral que se ocupa da lógica, da matemática e da linguagem. Essa prioridade que a grade curricular tradicional dá às virtudes da razão, criou um grave desequilíbrio: não se discute e nem se valoriza na escola nossos comportamentos gregários e afetivos, comandados pelo cérebro límbico ou mamífero. Sem mencionar o absoluto silêncio sobre nossa região neural mais primitiva e rasteira, a reptiliana. O que é o inesperado ataque de fúria, senão o bote do jacaré ou da cobra venenosa que cada um leva dentro de si? Pois é, nós também somos seres sociais, emocionais e instintivos!
A palavra escola vem do grego e indica o lugar onde – através de jogos e interações, ou seja, por meio de exercícios lúdicos e da troca interpessoal – se prepara alguém para a vida. Na onda liberal, porém, o processo educacional veio se tornando, por assim dizer, um tubo perverso: introduzimos a criança numa ponta, ela atravessa a via-crúcis que conhecemos, e sai na outra extremidade não um jovem adulto preparado para viver, mas um profissional adestrado para o trabalho. Não se educa ninguém; se formam peças para nutrir as necessidades do mercado.
Calma lá! Para onde se olhe vemos a educação sofrendo pressões para mudar; e muita coisa evoluiu. Já não acolhemos propostas pedagógicas que formam rigidamente técnicos e especialistas. Precisamos formar pessoas que sejam profissionais competentes, sem dúvida; a questão é que queremos que sejam também hábeis em empatia, gentileza, solidariedade e altruísmo. Sem esse passo quântico na educação é ilusão pretender um agora melhor.
Ao publicar em 2010 o livro A Revolução do Amor, Luc Ferry, filósofo e ex-ministro da educação na França, deu voz a uma percepção que se propaga sutil, mas em proporção geométrica: precisamos aprender a amar – a nós mesmos; aos próximos e aos distantes; aos iguais e aos diferentes; amar os animais, o meio ambiente, o planeta…
A família se encarrega das nossas primeiras lições de afeto; a escola e a comunidade podem ajudá-la nisso. E nós também! Eu, você, ela, ele, nós podemos ajudar praticando a pedagogia do coração. O método é curto, claro e simples: AME! Pois…
“O amor é a única resposta sã e satisfatória para o problema da existência humana”
Erich Fromm.
Alexandre Henrique Santos
Meu nome é Alexandre e me dedico profissionalmente ao coaching de vida e aos temas comunicação e empatia. Minha missão é facilitar processos de desenvolvimento pessoal e interpessoal. Sou apaixonado pelo que faço; e após quase 4 décadas de prática aprendi a fazer bem.
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A democracia e os 25%
Tenho lido artigos, assistido lives, entrevistas e ouvido diversas análises sobre esse percentual do eleitorado – algo em torno de 25% – que ainda não conseguiu perceber o que realmente está em jogo na próxima eleição. Essa significativa fatia de brasileiros adultos e votantes, seja por ignorância, baixo Q.I. ou pura má fé, acredita que o pleito que se aproxima apenas elegerá Lula ou reelegerá Bolsonaro. Não, não será só isso. As urnas eletrônicas de outubro, sim elas, dirão se escolhemos a civilização ou fincaremos estacas no atoleiro da barbárie. A disputa será entre democracia e fascismo.
Sobre somar e dividir.
Texto sobre as eleições brasileiras
Pior do que um vírus
A comparação é estúpida, reconheço; mas quiçá, a esta altura do genocídio e da CPI do Covid-19, não haja outra melhor. A cifra de cerca de meio milhão de mortos parece responder ao plano que foi posto em prática de modo escancarado, a céu aberto: a tal da imunidade de rebanho. E os que não se opuseram a esse desastre nacional anunciado – nos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e Militar – são cúmplices, por ação ou por omissão. Perdemos para o negacionismo, para a negligência na compra de vacinas e a ausência de uma política sanitária nacional – única, coerente, efetiva e rápida. A questão vai muito além da perda irreparável de cidadãs e cidadãos brasileiros, velhos e jovens. Estamos assistindo à tentativa de diluir os fundamentos da nossa democracia e do Estado de Direito.