Covid-19: Crise e oportunidade
“Son tantas cosas y tan pocas.”
Pablo Neruda
Você já escutou falar e talvez tenha dito algumas vezes que “enquanto há vida há esperança”. Mas uma coisa é ouvir ou dizer, e outra bem diferente é ter convicção disso. E se você pensa realmente que a esperança é uma força inspiradora da existência, saiba que tem como aliada uma crença poderosa. De fato, esse milenar adágio tem atravessado a história de povos, nações e continentes, superando diferentes ciclos econômicos, períodos políticos e posições filosóficas. Pois cada vida é uma dádiva única da Mãe Natureza, e cada ser deveria fazer por onde merecê-la e celebrá-la.
Se os últimos anos do século passado e as duas décadas iniciais do novo milênio testemunharam uma verdadeira apologia da inovação e do futuro, a pandemia do Covid-19 nos obrigou a pisar no freio e pensar na mesmice e na morte. Quer dizer, nossos planos para o amanhã talvez não aconteçam; ou dito de maneira menos dramática: trate de viver plenamente o aqui e o agora – é o que temos para hoje. O aviso tem validade para idosos, adultos, jovens e crianças, sem exceção, mesmo os super-hiper-saudáveis.
O caso de uma catástrofe próxima e similar pode nos ensinar algo. A gripe espanhola – que deveria se chamar de gripe norte-americana, já que começou nos Estados Unidos – foi a mais devastadora pandemia de que se tem notícia; teve um ciclo de dois anos (1918-1920) e matou 50 milhões de pessoas. Pois bem, as projeções feitas pelos epidemiologistas asseguram que, mesmo com o advento de vacinas eficazes, lidaremos com o Covid-19 pelo menos até 2022…
Esse é o nosso pano de fundo. Para os que não queiram se arriscar a cair num processo depressivo, resta o caminho de ajudar o cérebro a produzir oxitocina e dopamina, os mensageiros químicos da confiança e do prazer. Portanto, o grande desafio meu, seu e nosso diante dessa pandemia consiste em manter e fortalecer a esperança. Claro, nem sempre isso é rápido, simples ou fácil. Mas a questão se impõe e permanece. Podemos escolher apenas padecer das dores e dificuldades, ou transformá-las em chances de aprendizado e de amadurecimento.
Daí que se diga que para transformar crise em oportunidade basta tirar o “s”: CRIE. Afinal, a vida é curta, sim, mas não precisa ser pequena!
Alexandre Henrique Santos
Meu nome é Alexandre e me dedico profissionalmente ao coaching de vida e aos temas comunicação e empatia. Minha missão é facilitar processos de desenvolvimento pessoal e interpessoal. Sou apaixonado pelo que faço; e após quase 4 décadas de prática aprendi a fazer bem.
Outros artigos
A democracia e os 25%
Tenho lido artigos, assistido lives, entrevistas e ouvido diversas análises sobre esse percentual do eleitorado – algo em torno de 25% – que ainda não conseguiu perceber o que realmente está em jogo na próxima eleição. Essa significativa fatia de brasileiros adultos e votantes, seja por ignorância, baixo Q.I. ou pura má fé, acredita que o pleito que se aproxima apenas elegerá Lula ou reelegerá Bolsonaro. Não, não será só isso. As urnas eletrônicas de outubro, sim elas, dirão se escolhemos a civilização ou fincaremos estacas no atoleiro da barbárie. A disputa será entre democracia e fascismo.
Sobre somar e dividir.
Texto sobre as eleições brasileiras
Pior do que um vírus
A comparação é estúpida, reconheço; mas quiçá, a esta altura do genocídio e da CPI do Covid-19, não haja outra melhor. A cifra de cerca de meio milhão de mortos parece responder ao plano que foi posto em prática de modo escancarado, a céu aberto: a tal da imunidade de rebanho. E os que não se opuseram a esse desastre nacional anunciado – nos Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário e Militar – são cúmplices, por ação ou por omissão. Perdemos para o negacionismo, para a negligência na compra de vacinas e a ausência de uma política sanitária nacional – única, coerente, efetiva e rápida. A questão vai muito além da perda irreparável de cidadãs e cidadãos brasileiros, velhos e jovens. Estamos assistindo à tentativa de diluir os fundamentos da nossa democracia e do Estado de Direito.